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Engenheira civil pós-doutora por Cornell: conheça a nova presidente do Banco do Nordeste


Créditos: Fotos: acervo pessoal

A engenheira civil especialista em saneamento Sávia Gavazza foi eleita, no último 3 de abril, presidente do Conselho de Administração do Banco do Nordeste (BNB). Primeira mulher a ocupar o cargo, a alagoana também atua como assessora do Plano de Transformação Ecológica na Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda.

A engenharia trouxe para Sávia, conforme conta a presidente, a habilidade de pensamento lógico e de foco no estabelecimento do problema. “Isso é muito importante: a gente conseguir delimitar os problemas com clareza. A engenharia faz a gente ter a capacidade de desenvolver soluções de forma objetiva”. Já a área de saneamento lhe trouxe a capacidade de acessar a visão do usuário. “Aprendi muito cedo que não adianta produzir solução sem participação dos clientes”.

Sávia ainda menciona o caráter multidisciplinar da atividade de engenheiro, do constante diálogo entre profissionais com visões diferentes. “Essa habilidade que a engenharia traz e que é muito importante na gestão de forma geral, seja no Banco ou qualquer outra posição de gestão, essa capacidade de dialogar com diferentes opiniões para no fim construir uma solução. A habilidade de engajar, de entender que a riqueza reside na diversidade, na escuta ativa”. Trabalhar com números e raciocínio rápido foram outras habilidades úteis da engenharia no mundo financeiro mencionadas por Sávia.

A marcenaria do pai, que ficava atrás da casa de sua infância, foi o que moveu a atual presidente do Banco do Nordeste a rumar para os caminhos da engenharia. “Era meu lugar favorito”. Era o espaço onde Sávia podia concretizar suas ideias, resolver problemas, construir. “Para o saneamento, decidi me voltar quando entendi que eu queria deixar uma marca no mundo”.

Ao jovem que está se graduando hoje, Sávia recomenda saborear cada etapa no seu tempo, um passo de cada vez. “O recém-formado sai da faculdade e já quer ganhar R$ 40 mil. Cada etapa é importante para formar não só o profissional, mas o cidadão. É importante que as pessoas se conectem com seus propósitos. É muito importante você ter um propósito para sair de casa todos os dias. E os resultados aparecem como consequência de um trabalho bem feito”.


Desigualdade de gênero
“Enfrento preconceito todos os dias, faz parte da cultura, está naturalizado e não podemos desistir. Cheguei aqui com muita esforço e agora ofereço meus ombros a outras mulheres para que elas possam subir e enxergar mais alto. Devemos reforçar falas de outras mulheres em reuniões para que não passem despercebidas, compartilhar o que sabemos com outras mulheres, contratar mulheres, oferecer cargos. Acredito demais no poder de mulheres que elevam mulheres. Precisamos nos posicionar, e é essa atuação coletiva que vai proporcionar mais espaço para as mulheres. Não sei a velocidade que essa transformação vai acontecer e ela depende da nossa atitude hoje”.


Banco do Nordeste
O Banco do Nordeste opera em cerca de 2 mil municípios dos nove estados do Nordeste, além de cidades do Norte de Minas e do Espírito Santo. Sua sede é Fortaleza. Em 2024, os projetos do BNB geraram 436 mil postos de trabalho incrementando em R$ 6 bi nos salários da região. Uma forma de os engenheiros participarem das políticas públicas é participando das consultas públicas divulgadas pelas empresas, pelo governo ou pelos órgãos de classe. “É extremamente desejado que a sociedade participe”, pontua Sávia.

Sávia

E aí, quando chega no próximo passo que é a execução da obra em si, entra a atuação do Sistema Confea/Crea, que verifica se os profissionais responsáveis por aqueles empreendimentos estão realmente habilitados para aquelas atividades. “O Confea/Crea tem um papel muito importante de garantir que a engenharia seja executada de forma correta. As obras precisam efetivamente passar por esse asseguramento de que a engenharia esteja sendo executada do ponto de vista técnico por profissional habilitado”, pontua Sávia.

Sávia é pós-doutora pela Universidade de Cornell (EUA) e tem doutorado em Engenharia Civil na área de Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP). É professora titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professora associada da Universidade de Toronto no Canadá. Foi vice-diretora do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia e Coordenadora de Parcerias da UFPE. Foi membro titular da Câmara de Assessoramento em Engenharias da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe). Também coordenou os Programas de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPE (campus Recife e Caruaru).

A presidente conta que cada experiência internacional a ajudou a compor sua formação de um modo. “O mais importante, ajudou-me a enxergar com mais clareza o tamanho da riqueza do Brasil: recursos naturais, biomas e povo, principalmente. Essas vivências me ensinaram a me defender, a me posicionar”.

Beatriz Leal / Equipe de Comunicação do Confea

 

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