
Confea/Crea inscreve Jorge Villwock entre os grandes nomes da Geologia

Villwock também atuou como conselheiro do CREA-RS de 1973 a 1975. Créditos: Arquivo família da homenageado
Jorge Alberto Villwock desenvolveu uma das obras mais expressivas da oceanografia geológica do Brasil. Seus estudos sobre a planície costeira do Rio Grande do Sul, iniciados ainda no mestrado (1973) e doutorado (1977) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mapearam as oscilações do nível do mar nos últimos 150 mil anos — um marco técnico e científico que se tornaria referência para o entendimento dos ambientes litorâneos e para o gerenciamento ambiental de zonas costeiras. A partir dessas contribuições pioneiras, consolidou-se como um dos grandes nomes da Geologia, sendo reconhecido pela solidez científica, visão ambiental e generosidade como mentor.
Villwock formou-se geólogo pela UFRGS em 1964, integrando a quinta turma do curso — uma das primeiras do Brasil. Sua escolha pela Geologia veio cedo, inspirada pela leitura do clássico "Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato, onde o pequeno Jorge ouviu falar pela primeira vez em petróleo e ficou fascinado com o que a Terra poderia contar. Conduzido por mestres como Luiz Roberto Silva Martins, Villwock desenvolveu pesquisas que o levaram a ocupar posição de destaque no cenário das geociências. Foi professor, pesquisador, conselheiro, gestor e defensor incansável da preservação do meio ambiente.
Ao longo da trajetória, ocupou cargos estratégicos na UFRGS, como vice-diretor do Centro de Geologia Costeira e Oceânica (1968-1984), diretor do Instituto de Geociências (1978-1980 e 1984-1988) e professor titular nas disciplinas de Mineralogia, Sedimentogênese e Ambientes de Sedimentação.
Foi diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e pesquisador do CNPq. Sua produção científica é ampla e reconhecida: 21 capítulos de livros, mais de 50 artigos, 35 trabalhos técnicos, além de dois livros, sendo "A Força das Pedras" (1997) uma referência na área. Também contribuiu para a formação de 13 mestres e cinco doutores, que seguiram carreiras em universidades e órgãos ambientais, propagando os métodos de Villwock.
Na PUC-RS, foi idealizador e primeiro diretor do Instituto do Meio Ambiente (IMA), entre 1998 e 2010, além de professor de Geomorfologia. Teve papel fundamental na concepção do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR). Em reconhecimento, o auditório principal do IPR, inaugurado em 2017, recebeu seu nome. À época, o pró-reitor Jorge Audy comentou que a homenagem celebrava o papel decisivo de Villwock ao assessorar as fases iniciais da aproximação com a Petrobras. Durante a cerimônia, a família expressou a emoção do momento com palavras que traduzem a dimensão de seu legado: "Verificar seu nome eternizado no local mais nobre do novo instituto revela o apreço e a razão pela qual seus últimos anos de trabalho foram tão fervorosamente exercidos por ele".
Villwock se dedicou à pesquisa sobre Geologia do petróleo e mudanças climáticas. Participou de iniciativas ligadas à captura e armazenamento de CO2, como o projeto CARBMAP, desenvolvido no Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono da PUC-RS. Defendeu, em eventos acadêmicos, o papel das universidades na prevenção de desastres naturais e na formação de políticas públicas para eventos climáticos extremos. Seus estudos sobre evolução holocênica do litoral sul não apenas enriqueceram a ciência, mostrando como mudanças no mar influenciaram a geografia costeira, como serviram de base para práticas de gestão ambiental.
Villwock também atuou como conselheiro do Crea-RS de 1973 a 1975. Sua presença nesse espaço técnico reforça o elo entre ciência, responsabilidade profissional e políticas públicas. Em 2025, sua trajetória é celebrada com a inscrição no Livro do Mérito do Sistema Confea/Crea, a mais alta honraria concedida a engenheiros, agrônomos e geocientistas brasileiros. A homenagem indicada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS) reconhece não apenas sua produção técnica, mas seu compromisso com a coletividade.
Ao longo da vida, o geólogo foi reconhecido por tantas outras instituições com títulos que simbolizam o impacto ético, científico e humano que sua carreira imprimiu no Brasil. Recebeu a Medalha Irajá Damiani Pinto (UFRGS), o cartão de prata da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário e o diploma da Sociedade Brasileira de Geologia.
Em paralelo à vida acadêmica e científica, Jorge Villwock cultivava paixões que fortaleciam laços com as pessoas que amava. Aprendeu a cozinhar ainda adolescente, como escoteiro, e se tornaria um exímio cozinheiro — preparando almoços e jantares para a família e os amigos. Também adorava divertir as netas Ana Luiza, Natasha e Roberta, ao tocar sua gaita em momentos que ele unia sensibilidade humana ao espírito lúdico.
Jorge Alberto Villwock faleceu em 20 de outubro de 2013 aos 70 anos de idade, mas sua obra permanece viva: nos estudos que orientam o gerenciamento sustentável das zonas costeiras, nos profissionais que formou e nos institutos que ajudou a criar. Seu legado continua a guiar o caminho de quem estuda a Terra com respeito e rigor.
Julianna Curado / Equipe de Comunicação do Confea, com foto e informações cedidas pela família do homenageado
